Gosto muito de ler publicações de final do mês, aquelas publicações em que as pessoas falam um pouco de si, do que aconteceu, do que leram e o que sentiram, em Inglês chamados “Life lately posts”, em Português não encontrei uma tradução melhor do que “A vida ultimamente”. Há uns anos atrás, esse tipo de publicações era frequente, mas maior parte delas passou para o Instagram e o Facebook.
Tenho passado menos tempo nas redes sociais e isso significa que não sei muitas vezes o que se passa e também não partilho o que se passa comigo.
Não tenho temperamento de radical, não sou tudo ou nada em nada da minha vida, por muito que fale de sustentabilidade aqui neste site, ainda consumo muita coisa que não é boa para o ambiente. Assim, também não sou aquela pessoa que vai parar completamente de usar o Instagram e o Facebook, posso vir a fazê-lo um dia quiçá mas não me vejo a fazê-lo agora. Já fiquei muito tempo sem usá-los e estou frequentemente vários dias sem ir a um dos sites MAS por tudo o que se fala das redes sociais serem más, não posso deixar de pensar que também são muito boas.
A desvantagem das redes sociais é que nos obriga a estar sempre ligados, não existe aquela conexão assíncrona que existia antigamente. Uma blogger vai ter um workshop e pode nem escrever no blog e apenas divulgar nas redes sociais. E se eu, por acaso, não estiver a prestar atenção a isso? Perco a oportunidade de ir a um workshop que poderia muito querer ir. Isto é apenas um exemplo mas penso que dá para entender onde quero chegar.
É por isso, que continuo a ler muitos blogs por RSS – uma forma simples de estar actualizada sem esperar que uma rede social me mostre aquilo – aqui eu controlo o que vejo e quando vejo. Outra coisa que acontece muito nas redes sociais – seguir uma pessoa e ela não ficar visível no meu feed embora eu genuinamente queira ver o que a pessoa publica.
Isto tudo para dizer que eu gosto de ler as publicações de resumo, por exemplo, leio sempre as publicações do mês da Charlotte do Girl Next Door Fashion e da Inês do Bobby Pins por exemplo.
E estive muitas vezes quase para escrever o mesmo tipo de publicação, mas algo para-me sempre: quem quer saber disso? E aquilo que muitas vezes ouço as pessoas a dizerem sobre outras pessoas vem-me à memória: “pessoas que só querem atenção”, “ninguém quer saber o que a pessoa diz”, “tem a mania que é importante” – eu defendo esses comentários, digo “cada um sabe de si”, “o que te importa o que essa pessoa faz?”. No entanto, estas perguntas ficam-me cá dentro, a corroer-me e não posso deixar de me perguntar: será que as pessoas vão pensar o mesmo de mim? Só por eu estar a publicar isto?
Não vai ser de um dia para o outro que vou deixar de querer saber o que as pessoas pensam de mim, mas bolas porquê que se me apetece escrever estas publicações, não as escrevo? Ninguém precisa de as ler se não as quiser ler.
Sempre tive um blog desde pequena, escrevia do que acontecia no meu dia e como tinha corrido a escola, alterava as imagens do site e mudava o design imensas vezes, era super divertido.
Este blog nunca voltará a ser um diário, o meu diário tem palavras apenas para mim mas não quer dizer que não possa escrever publicações deste género, porque eu acho-as divertidas de ler, adoro saber o que as pessoas estão a fazer e o que estão a comer – chamem-me cusca porque essas coisas fascinam-me mesmo.
E, claro que vou continuar a escrever sobre a sustentabilidade, comida e fazer, porque são tudo coisas que me apaixonam e que me fazem vibrar. E acho que há muita coisa que sei que posso partilhar com os outros. Este tipo de censura que faço a mim própria também acontece com esse tipo de posts, mas como disse, é algo que estou a tentar melhorar em mim.
Por isso sim a estes posts, não sei durante quanto tempo vou escrevê-los, enquanto tiver vontade de os escrever.