Tenho muita sorte por ter um emprego que me permita conhecer diferentes culturas e diferentes países no entanto há coisas que nunca esperei que fossem tão difíceis a viver esta vida.
Há uns tempos atrás, conheci uma rapariga dos seus 14 anos na Nova Zelândia que me perguntou o que eu fazia e se morava lá. Expliquei-lhe o que fazia e que ficava lá 2-3 meses e depois voltava a Portugal e sempre assim. A sua resposta foi: isso deve ser espectacular! Podes viajar bastante!
Há uns anos atrás teria respondido o mesmo, estava desejosa para andar sempre de um lado para o outro, a viajar, aquela ideia dos filmes toda estilosa a andar sempre a viajar!
Agora, uns anos mais tarde, sei a realidade, o bom e o mau.
(eu a tentar dormir numa escala de 8h)
Viajar é cansativo
Quando viajei em lazer, estava sempre muito feliz por estar no avião quase no destino. A primeira vez que viajei em trabalho também estava, a expectativa de conhecer um país novo, deixava-me super contente. Agora mal entre no avião estou desejosa para despachar isto o mais rápido possível. Posso ter ficado um pouco traumatizada por estar a viajar sempre para a Nova Zelândia (que são pelo menos 32h de viagem incluindo escala embora já tenha feito 40h) mas cada vez me custa mais. Tenho aprendido a dormir melhor no avião mas nota-se que o meu corpo não gosta. Sangrar do nariz, dores nas pernas e pés (nesta última viagem experimentei meias de descanso para não ser tão doloroso) são algumas das coisas que acontecem no avião.
Mas não emigrando tenho oportunidade de ver mais vezes os meus amigos e família
A viagem de volta a Portugal custa sempre menos e porquê? Porque vou ver os meus entes queridos. Viajar em trabalho em relação a emigrar para outro país dá-me esta vantagem: estou fora muito tempo mas depois volto para o meu país e sem custos. Claro que o tempo que estou fora deixa as suas marcas, festas e aniversários perdidos, nem sempre é fácil ver que a vida continua para toda a gente, que mudaram, mesmo que pouco, desde que os vi a última vez.
Sinto-me em casa em dois países diferentes
Para o tipo de trabalho que faço, viajar em trabalho significa estar 2/3 meses fora pois vou trabalhar no cliente, não vou apenas para reuniões de negócios. Isso significa que após um tempo, sinto que o país em que estou é a minha casa também. Definitivamente parece uma vantagem certo? E claro que é, o tempo passa mais rápido, sabemos os eventos que estão a acontecer ao fim de semana, mas também é conflituoso. Chegou a um ponto que voltar para Portugal era um misto de emoções boas e más, boa porque vou ver a família e amigos e má porque já tenho ali uma série de hábitos associados àquele local e no fundo já vivia lá. E depois de tanto tempo, voltar a Portugal tem sempre um período de reajuste.
mas numa delas vivo de uma mala de viagem
Eu gosto de ter os meus livros e as minhas bugigangas. Quando vou de viagem existe um limite daquilo que posso levar na mala e, obviamente o objectivo principal é ter roupa suficiente para o país de destino. Isso significa que tenho um limite de tralha que posso levar atrás… Digamos que me obriga a focar num hobby mas eu nem sempre acho piada a isso…Daí o nome do blog “Cath Aleatória”…
O mesmo funciona ao contrário. Em Portugal se encontrar uma coisa engraçada para decorar o apartamento, compro-a, mas quando estou fora, tem de me caber na mala de viagem.
Claro que isto não é um problema para ninguém minimalista.
Para quem acredita que quem viaja em trabalho tem uma vida espectacular não é verdade. Reconheço que tenho sorte por conhecer diferentes países e estou grata por isso mas há certos aspectos que não podem ser esquecidos.